sábado, 15 de setembro de 2007

Taboleiro Grande treme 3 graus da escala Richter -Diario de Natal

João Moacy/Cedida
Os moradores de Taboleiro Grande passaram por mais um grande susto
A cidade de Taboleiro Grande, distante 404 quilômetros de Natal, acordou na manhã de ontem com um forte tremor de terra. O abalo, que ocorreu às 7h41, foi registrado pela estação de Agrestina (PE) e segundo os sismólogos da UFRN deve ser superior a 3 graus na escala Richter. O abalo não foi o primeiro registrado pelos pesquisadores na região, em 1993 um tremor de 2,2 graus fez com que a Universidade instalasse vários sismógrafos em cidades circunvizinhas. Os abalos são medidos pela Escala Richter que varia de 0 a 9 graus. Geralmente tremores menores que três graus são imperceptíveis.

Como o abalo não foi sentido em Natal, os pesquisadores só tiveram acesso, até o início da tarde de ontem, ao registro feito na estação de Agrestina, distante cerca de 500 quilômetros do epicentro do tremor, pois ela participa da rede geológica pela internet. Os pesquisadores só poderão dizer com exatidão a magnitude e a causa do tremor depois que o técnico, que saiu em viagem na manhã de ontem para recolher os registros das estações mais próximas, retornar a Natal. Pelo menos cinco registros deverão ser analisados para que possa se ter dados mais exatos, os de Riachuelo, Parelhas, Ocara, Solânia e Castanhão.

De acordo com o coordenador do laboratório de sismologia da UFRN, Joaquim Ferreira, o movimento ocorreu devido a forças do interior da placa e as rochas é que são responsáveis pelo movimento. ‘‘Como o Rio Grande do Norte está sobre uma placa tectônica, acomodações não são muito perceptíveis aqui, a causa mais provável é que as próprias rochas se acomodem’’, analisou.

Segundo Joaquim, os estados do Ceará e Rio Grande do Norte estão sobre a Bacia Potiguar e são os estados brasileiros de maior risco de tremores. Ainda não se pode determinar o epicentro do tremor, mas de acordo com o que falam os moradores as cidades de Portalegre, Umarizal, Riacho da Cruz e Pau dos Ferros também sentiram o tremor de terra.

Conforme informações que chegam de vários moradores casas e prédios públicos sofreram rachaduras, forros caíram e pessoas passaram mal por causa do abalo. As pessoas permanecem nas ruas com medo de que voltem a sentir a sensação de tremor.

Memória

Há pouco mais de um ano outro terremoto pôde ser sentido em parte do litoral norte potiguar. o Epicentro foi dentro do mar, distante 45 quilômetros de Touros, e foi sentido por pessoas na capital. Segundo os registros da UFRN, o abalo foi de 4 graus da Escala Richter, o segundo maior registrado no estado, ficando atrás apenas do de 1986 ocorrido em João Câmara e que chegou a 5,3. O registro foi feito pela Estação da Riachuelo no dia 5 de setembro de 2006 e durou cerca de quatro minutos.

De acordo com o sismólogo da UFRN, Aderson Faria do Nascimento, o abalo ocorreu devido a acomodação da placa tectônica da América do Sul, que está sempre em movimento, mas na maior parte das vezes não é sentida pela população. Nenhum estrago foi registrado em estruturas de concreto, algumas famílias apenas entraram em contato com os Bombeiros e a UFRN.

O abalo de 5,3 graus na Escala Richter ocorrido em 1986, em João Câmara, foi o maior, até a época, registrado no Nordeste e o 3º maior do país. O fenômeno ocorreu às 3h23 da madrugada com repercussões em cidades vizinhas e em Natal. Em agosto do mesmo ano já haviam ocorrido outros tremores de menor intensidade que afastaram vários moradores da cidade temendo estarem vivenciando profecias feitas pelo Padre Cícero.

A terra ainda voltou a tremer por três vezes dois dias depois, aterrorizando ainda mais os moradores. Dessa vez foram marcados 4,1 graus na escala Richter. A maioria das casas apresentaram rachaduras e muitos telhados desabaram, impossibilitando a permanência de seus proprietários.

Os especialistas afirmam que os riscos de novos tremores hoje são os mesmos. Grande parte do estado do Rio Grande do Norte tem o embasamento (o cristalino) com mais de um bilhão de anos, e em cima há a bacia potiguar, de idade mais recente, com 100 milhões de anos; portanto trata-se de uma região de contraste marcante.


ANA PAULA COSTA
DA EQUIPE DO DIÁRIO DE NATAL

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