terça-feira, 24 de novembro de 2015


Este é o ano do 260º aniversário do Terremoto de Lisboa, de 1º de novembro de 1755, um evento singular na História da Humanidade. Além de derrubar, queimar e inundar pedaços da capital lusitana, ele chacoalhou porções do velho continente, também atingido por um vigoroso maremoto que continuou sua marcha rumo ao Atlântico Sul chegando ao litoral brasileiro.

Investigado e reestudado durante séculos, pareceria não haver mais fatos extraordinários a revelar sobre o emblemático terremoto do século 18. Mas baseado em fontes primárias, demonstramos que as águas do tsunami não somente lavaram cerca de mil quilômetros do litoral brasileiro, como também fizeram alguns estragos e ceifaram pelo menos duas vidas. Isto é relevante e inédito, pois não se tinha conhecimento de um teletsunami que houvesse ocasionado problemas no Brasil. Portanto, deve-se acrescentar em nossa História que, além da elevação de impostos, da entrega de mais ouro e diamantes para custear a reconstrução de Lisboa, o Brasil foi afetado fisicamente pelo terremoto de 1755.

A chegada desse tsunami é usada como pano de fundo para descrever e explicar terremotos brasileiros, do passado e do presente, alguns dos quais provocaram danos materiais e pessoais. Existem surpresas!

Há pouco mais de 300 anos um terremoto de magnitude estimada 7.0 fez estragos no terreno, balançou uma região de milhares de quilômetros quadrados e agitou as águas do rio Amazonas à semelhança de um tsunami localizado. Seu epicentro estava muito próximo de onde cresceria Manaus. Em 1769 um tremor marinho, tão forte como os maiores sismos já registrados no país, contribuiu para elevar o nível da sismicidade na margem continental sudeste brasileira, local de nossos recursos petrolíferos. No último quarto do século 19 vários deslizamentos de terra associados a chuvas torrenciais e pequenos tremores, contribuíram para uma grande catástrofe em terras mineiras e, poucos anos depois, o imperador D. Pedro II sentiu um tremor quando se encontrava em Petrópolis e determinou o estudo do fenômeno. Há novas informações sobre o maior terremoto registrado no Brasil (magnitude 6.2), em Mato Grosso, em 1955, e também se revive a mais intensa série sísmica ocorrida no País, mais precisamente no município de João Câmara, RN.

Enfim, o livro mescla acontecimentos sismológicos com outras histórias que passeiam por reinados de Portugal, chegam ao Brasil Colônia, atravessam o Império e atingem os nossos dias, mostrando que os terremotos continuarão acontecendo porque a máquina geológica que os produz não cessa de trabalhar.

Texto do autor José Alberto Vivas Veloso - outubro 2015
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Tremeu a Europa e o Brasil também
Autor: Alberto Veloso
Chiado Editora, 412 pp.
Preço: R$40,00
Sobre o autor:
Geólogo (UnB), mestre em geofísica (México), sismologia (Japão), foi professor da Universidade de Brasília por mais de três décadas e por igual tempo responsabilizou-se pela sismologia da mesma entidade. Trabalhou na ONU em Viena, Áustria, por sete anos. Pesquisador de sismicidade histórica, escreve artigos de divulgação científica para jornais e é autor do livro: O terremoto que mexeu com o Brasil (Thesaurus, 2011, 342p).
Veja também:
O Link do programa Fantástico, da Rede Globo, baseado no Capítulo 5 do livro.

quinta-feira, 19 de março de 2015

MT deve ganhar novos equipamentos para monitorar tremores de terra

Mato grosso tem uma das áreas com o maior registro de tremores do Brasil. O mais intenso foi há 60 anos, na Serra Tombador, a cerca de 100 km da cidade de Portos dos Gaúchos, no norte do estado. O registro levou o país a investir na rede de monitoramento, hoje são 80 estações espalhadas no país e 6 no Mato Grosso. A Universidade de Brasília (Unb), que possui o Observatório Sismológico, pretende aumentar a instalação dos equipamentos para monitorar os tremores de terra no estado.
A instituição de Pesquisa Geológico dos Estados Unidos (USGS) registrou na escala de magnitude, o terremoto de 6.2, em 1995, em Mato Grosso. A região na época era pouco habitada. Se o tremor fosse em uma área de prédio e casas, poderia ter feito estragos. "Foi possível definir uma falha sismogênica, ou seja, que gera sismo naquela região”, explicou o sismólogo Marcelo Peres Rocha.

Marcelo disse que o sistema da estação é colocado sobre uma rocha e registra a vibração da terra. A superfície da terra não é contínua. É formada por diversas placas rochosas ou tectônicas como são chamadas. Essas placas se mexem em alguns pontos ficam presas umas às outras, levando ao acúmulo de energia. Quando as placas cedem, a energia é liberada em forma de tremor. A energia se propaga a partir do epicentro, o ponto bem acima da origem do terremoto.

Os dados coletados nas estações são transmitidos em tempo real. Quando o sistema detecta um nível de ruído acima do normal, a linha fica vermelha. Esse alerta ajuda os técnicos a avaliarem as características do tremor.

No ano passado, o observatório registrou 90 tremores no Brasil neste ano. Entre os registros, dois foram na região de Confresa, a 1.160 km da capital. Não há como prever os terremotos, mas a identificação é importante, principalmente quando se pretende construir algo nessas áreas.

Marcelo explica que os registros têm uma relação importante para os engenheiros. "A frequência em uma determinada região indica se ela é passível da ocorrência desse evento, ou seja, uma região de fraqueza, chamada de perigo sísmico. Esse tipo de informação é importante, principalmente para engenheiros na construção de grandes obras", disse.
A Universidade de Brasília deve fechar convênio com uma companhia de mineração para aumentar o número de estações no estado, com 13 unidades temporárias.

(G1)

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