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Lançamento será no dia 30/11 em Natal-RN
Entrevista; Alberto Veloso
Como iniciou o estudo da sismologia em João Câmara?
O primeiro abalo foi registrado em agosto de 1986. Decidimos então implantar uma estação de sismologia em João Câmara para que esses movimentos da terra fossem registrados. No mês de setembro outros pequenos tremores também foram detectados pelo equipamento durante alguns dias consecutivos. No mês de outubro os abalos deram uma trégua e em novembro foi registrado o maior deles de magnitude 5.1.
O senhor esteve no município acompanhando a equipe da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Sim, logo que soube do abalo decidi participar dos estudos na área. Cheguei por volta das 15h em João Câmara. A cidade estava muito destruída. Centenas de pessoas perderam suas casas e resolveram se mudar para outras cidades com medo do que poderia acontecer. A escola teve que ser demolida depois porque a estrutura estava bem comprometida. Até a delegacia que havia sido construída recentemente e ainda não havia sido inaugurada teve que ser demolida. Cerca de 400 casas foram afetadas e mais de 26 mil pessoas deixaram a cidade.
Como foi a repercussão do terremoto?
O tremor foi repercutido em toda a mídia nacional. João Câmara ficou conhecida, em evidência mesmo. Autoridades políticas como o governador Radir Pereira e o presidente José Sarney estiveram lá para acompanhar os estudos e ajudar os desabrigados. O Exército ficou com a responsabilidade de construir as residências para as famílias desalojadas ou que tiveram as construções abaladas.
O senhor ficou quanto tempo em João Câmara nessa época?
Cheguei no dia 30 de novembro por volta das 15h e só voltei para Brasília duas semanas depois. Nesses dias aproveitei para conversar e gravar depoimentos com moradores e é esse material que está incluso no livro e que o leitor vai poder ver imagens reais do local feito por um cinegrafista amador: eu! O vídeo foi editado da melhor forma possível para que pudesse manter a originalidade do fato em 16 minutos.
O Brasil fica quase no centro de uma placa tectônica. Isso diminui a quantidade de tremores?
Digamos que suaviza, mas nenhum lugar do mundo pode garantir ter estabilidade absoluta. Isso é muito relativo porque depende tanto da natureza quanto das ações do homem. Por ano são registrados no mundo cerca de 500 mil tremores. A partir de agosto de 1986, João Câmara registrou sete anos de abalos. Desde que instalamos a estação em João Câmara foram registrados mais de 40 mil.
Qual o motivo de João Câmara e cidades da região registrar tantos abalos?
Existe uma falha geológica encontrada em João Câmara que não pode ser detectada a olho nu, somente com estudos e fotografias detalhadas. Mas ela está localizada entre 1 km e 7 km de profundidade e tem aproximadamente 30 quilômetros de extensão. Alguns dos abalos registrados no município foram sentidos em João Pessoa (PB).
Fonte original:Diario de Natal
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