quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Tecnologia extrema: rádio funciona dentro de vulcão

Monitoramento de vulcões 

Para ampliar o conhecimento sobre os processos naturais e aferir o nível de interferência humana nesses processos, os cientistas estão começando a criar redes de observatórios ecológicos.

Já estão disponíveis redes de sensores para monitoramento ambiental em geral, assim como sensores específicos para monitorar montanhas sujeitas a deslizamentos, florestas tropicais e até culturas agrícolas.

Mas o que fazer quando é necessário monitorar um vulcão? Tente colocar um sensor lá e ele será devidamente fritado antes que possa emitir qualquer sinal de alerta. 

Rádio à prova de vulcão

Isso até agora, porque pesquisadores da Universidade Newcastle, no Reino Unido, acabam de construir transmissores de rádio que podem resistir a temperaturas de até 900 ºC, que poderão funcionar em ambientes extremos e fornecer alertas preventivos da iminência de uma erupção vulcânica.

Medindo alterações sutis nos níveis de emissão dos principais gases vulcânicos, como o dióxido de carbono e o dióxido de enxofre, o sensor sem fios pode enviar dados em tempo real para uma estação de monitoramento, fornecendo informações vitais para o estudo dos vulcões e para a emissão de alertas de qualquer erupção iminente.

O circuito eletrônico à prova de vulcões foi criado graças à utilização do carbeto de silício, um parente do tradicional silício que possui uma estrutura molecular única, que o torna altamente tolerante a elevadas radiações, calor inclusive.

O carbeto de silício (SiC) é mais conhecido como um abrasivo, usado em lixas. Seu uso em eletrônica é pouco difundido, mas antigo. Marconi usou diodos de carbeto de silício em sua transmissão de rádio transatlântica, em 1908. Mas as primeiras pastilhas de SiC de dimensões práticas, permitindo a construção de circuitos integrados, só foram desenvolvidas nos últimos anos.

Turbinas de avião

"No momento nós não temos nenhuma forma de monitorar com precisão a situação dentro de um vulcão e, na verdade, a maioria dos dados é coletada no pós-erupção. Com cerca de 500 milhões de pessoas vivendo nas sombras de vulcões ao redor do mundo, isto claramente não é ideal," diz Alton Horsfall, que desenvolveu os circuitos em conjunto com o professor Nick Wright.

A tecnologia terá aplicações em outras áreas: os transmissores podem funcionar sem problemas no interior dos motores de automóveis ou mesmo dentro da turbina de um avião, o que permitirá um novo nível de monitoramento desses equipamentos.

A equipe já desenvolveu os componentes necessários para construir o transmissor de rádio e agora está trabalhando para integrá-los em um dispositivo do tamanho de um telefone celular, que poderá ser usado em várias aplicações, como centrais elétricas, motores, turbinas... e vulcões.

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