Nenhum cientista até hoje conseguiu prever a data da ocorrência de um terremoto. Mas um grupo de sismólogos franceses e chilenos passou perto. Eles estudam os movimentos tectônicos no Chile e previram, em artigo publicado dois anos antes pela revista "Physics of the Earth and Planetary Interiors", a magnitude aproximada e a região chilena em que ocorreria o terremoto de 27 de fevereiro deste ano.
A extensão costeira do Chile está entre as zonas sísmicas mais ativas do mundo. Em média, um grande terremoto de magnitude 8 ocorre a cada 10 anos. E todos segmentos da costa chilena já sofreram pelo menos um terremoto dessa magnitude nos últimos 130 anos. A exceção, até fevereiro passado, era a região Centro-Sul, entre os paralelos 35 e 37, que tinha tido seu último grande terremoto há 175 anos.
A região entre Concepcion e Constituicion experimentou seu grande terremoto de subducção de placas tectônicas em 1835 e foi descrito por Darwin em 1851, com um magnitude estimada de aproximadamente 8.5. Essa área é cercada por zonas de ruptura associadas a grandes terremotos, como por exemplo, o de 1960 que atingiu 9.5 pontos, entre outros.
No artigo "Acumulação de esforço intersísmico medido por GPS na falha sísmica entre Constituición e Concepción no Chile" publicado na "Physics of the Earth and Planetary Interiors" em fevereiro de 2008, pesquisadores chilenos e franceses liderados por Je3an-Claude Ruegg (Institut de Physique du Globe de Paris) concluíram que haveria a possibilidade de um terremoto de magnitude entre 8 e 8,5 graus sobre esta falha localizada na região Centro-Sul do Chile, ressaltando, porém que este seria o pior cenário e que necessitaria de um trabalho adicional para refinar as conclusões.
Na realidade, como foi amplamente noticiado pela mídia internacional, aconteceu o pior. Quase 800 pessoas morreram vítimas do abalo e de suas consequências.
O artigo foi entregue para revisão em 30 de março de 2007, portanto, quase três anos antes de o terremoto de 27 de fevereiro de 2010 devastar Concepción e abalar outras cidades da costa chilena, incluindo a capital, Santiago. O trabalho fez parte de um projeto cooperativo entre a Universidade do Chile (Santiago), Institut de Physique du Globe de Paris (IPGP) e Ecole Normale Supérieure (Paris). Três campanhas de medições realizadas por estações de GPS (Global Positioning System) foram realizadas entre 1996 e 2002. A última foi realizada em 36 estações, para verificar as velocidades de deslocamento das placas. As medições buscavam comparar as velocidades intersísmicas ou a distância percorrida pelas placas tectônicas no período pesquisado.
(Fonte: Geofísica Brasil - 17/03/10).
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