Há três anos, um
megaterremoto de 9.1 magnitudes sacudiu a costa do Japão provocando um
dos maiores tsunamis da História. O abalo foi tão intenso que os
infrassons gerados se propagaram tão alto que até um satélite de
sensoriamento remoto tremeu ao som das ondas sísmicas.
A revelação do fenômeno foi
publicada recentemente no periódico especializado Geophysical Research
Letters tendo como base os dados registrados pelo satélite europeu GOCE,
que já reentrou na atmosfera e tinha como missão registrar as tênues
variações do campo gravitacional da Terra. Para realizar o seu
trabalho, o GOCE precisava manter a órbita e altitude altamente estáveis
através de diversos sistemas que compensação, de modo que apenas as
variações do campo gravitacional fossem registradas.
No entanto, no dia 11 de
março de 2011 o satélite registrou duas anomalias muito acentuadas e que
só recentemente foram explicadas pelos cientistas da Agência Espacial
Europeia, ESA e atribuidas ao megaterremoto que atingiu o Japao.
De acordo com os
pesquisadores, a primeira anomalia foi detectada sobre o oceano Pacífico
30 minutos após o terremoto e a segunda cerca de uma hora depois,
quando o GOCE estava sobre a Europa. Segundo os cientistas, as ondas
acústicas se propagaram até 270 km de altitude, onde orbitava o satélite
GOCE e fizeram a densidade do ar variar abruptamente naquela região.
Como consequência, o
satélite acompanhou essas variações subindo e descendo cerca de 20 km
por mais de 2 horas, ao mesmo tempo em que os mecanismos de compensação
tentavam manter o satélite na altitude nominal.
Infrassons
Os infrassons são ondas
acústicas de frequência muito baixa, inferiores a 1 Hz (1 hertz) ,
produzidas por terremotos, explosões atômicas e até mesmo pelas ondas de
choque geradas durante entrada meteoros na atmosfera. Elas não podem
ser ouvidas pelos seres humanos, que ouvem entre 15 Hz e 15 mil Hz, mas
são percebidas por elefantes ou golfinhos.
Em solo, existem centenas
de sensores capazes de ouvir esses sons e triangular a fonte geradora,
assim como a energia que a gerou. A análise desses dados é que permite
aos governos o monitoramento do cumprimento do tratado de não realização
de testes nucleares. Recentemente, os registros de infrassons foram
usados também para calcular a energia do meteorito que caiu na cidade
russa de Chelyabinsk, em fevereiro de 2013.
Com a descoberta, novos
instrumentos poderão ser desenvolvidos especificamente com essa
finalidade e então embarcados em satélites de baixa altitude. Isso
permitirá aumentar capacidade de detecção e acompanhamento de eventos
acústicos de grande energia e também fornecer pistas sobre o
comportamento de algumas espécies de animais diante desses eventos.
Fonte: Apolo11.com
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