domingo, 10 de julho de 2011

Risco imprevisto de mega-sismo

Risco imprevisto de mega-sismo

Descoberta apresentada em estudo na revista «Nature»

2011-05-09
História sísmica da região em estudo.
História sísmica da região em estudo.
Dois milhões de bolivianos estão expostos a um risco de tremor de terra que pode atingir uma magnitude de 8,9, um mega-sismo que seria 125 vezes mais forte do que as anteriores estimativas apontavam, segundo um estudo ontem divulgado.

Uma descoberta apresentada na revista científica britânica «Nature», que constitui uma surpresa para os próprios investigadores. “Ninguém suspeitava que os anteriores cálculos eram subestimados”, sublinha Benjamin Brooks, geofísico da Universidade norte-americana de Hawai Manoa e principal autor deste estudo.
Segundo os cálculos efectuados até agora, baseados na história sísmica relativamente calma da zona, a magnitude de um abalo de terra na região situada a leste dos Andes centrais não ultrapassaria 7,5.

Mas uma análise minuciosa de dados GPS obtidos no flanco oriental da cadeia montanhosa sugere que as tensões subterrâneas que se acumulam há séculos poderão desencadear um sismo de magnitude entre 8,7 e 8,9. Estes dados mostram, de facto, que a zona situada a oeste da falha de Mandeyapecua, de orientação norte-sul, deslocou-se bastante mais que a zona situada a leste desta falha.

De acordo com os investigadores, uma secção relativamente pouco profunda desta falha está bloqueada a cem quilómetros e é lá que se acumulam as tensões provocadas pelo embate de duas placas tectónicas situadas sob a região. “A ruptura de toda esta secção num único sismo poderia levar a um sismo de magnitude 8,9”, considerou Brooks.

Salienta ainda: “Esperamos que estas informações sejam amplamente difundidas na Bolívia e tidas em conta pelas pessoas que poderão ser as mais atingidas”. É, no entanto, impossível saber quando é que um tal mega-sismo poderá acontecer, ou mesmo dizer com certeza se ele acontecerá um dia. Uma série de abalos mais fracos poderão também dissipar as tensões telúricas sem desencadear qualquer mega-sismo.

Brooks e a sua equipa estão actualmente a estudar a história sísmica da região para determinar a data e a amplitude dos abalos de terra passados e tentar descobrir se um mega-sismo desta intensidade já ocorreu.

Fortes sismos têm sido registados nos últimos anos – de magnitude 9,0 no Japão em Março último, de magnitude 8,8 no Chile em Fevereiro de 2010 – e incitaram os especialistas a rever as suas previsões.
“Deveríamos provavelmente reavaliar as nossas estimativas dos sismos que poderão atingir todas as zonas de falhas”, observou Ross Stein, sismólogo da US Geological Survey (USGS), pouco antes do tremor de terra seguido de um tsunami que atingiu o Japão.

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