Mato grosso tem uma das áreas com o maior registro de tremores do
Brasil. O mais intenso foi há 60 anos, na Serra Tombador, a cerca de 100
km da cidade de Portos dos Gaúchos, no norte do estado. O registro
levou o país a investir na rede de monitoramento, hoje são 80 estações
espalhadas no país e 6 no Mato Grosso. A Universidade de Brasília (Unb),
que possui o Observatório Sismológico, pretende aumentar a instalação
dos equipamentos para monitorar os tremores de terra no estado.
A instituição de Pesquisa Geológico dos Estados Unidos (USGS) registrou
na escala de magnitude, o terremoto de 6.2, em 1995, em Mato Grosso. A
região na época era pouco habitada. Se o tremor fosse em uma área de
prédio e casas, poderia ter feito estragos. "Foi possível definir uma
falha sismogênica, ou seja, que gera sismo naquela região”, explicou o
sismólogo Marcelo Peres Rocha.
Marcelo disse que o sistema da estação é colocado sobre uma rocha e
registra a vibração da terra. A superfície da terra não é contínua. É
formada por diversas placas rochosas ou tectônicas como são chamadas.
Essas placas se mexem em alguns pontos ficam presas umas às outras,
levando ao acúmulo de energia. Quando as placas cedem, a energia é
liberada em forma de tremor. A energia se propaga a partir do epicentro,
o ponto bem acima da origem do terremoto.
Os dados coletados nas estações são transmitidos em tempo real. Quando o
sistema detecta um nível de ruído acima do normal, a linha fica
vermelha. Esse alerta ajuda os técnicos a avaliarem as características
do tremor.
No ano passado, o observatório registrou 90 tremores no Brasil neste
ano. Entre os registros, dois foram na região de Confresa, a 1.160 km da
capital. Não há como prever os terremotos, mas a identificação é
importante, principalmente quando se pretende construir algo nessas
áreas.
Marcelo explica que os registros têm uma relação importante para os
engenheiros. "A frequência em uma determinada região indica se ela é
passível da ocorrência desse evento, ou seja, uma região de fraqueza,
chamada de perigo sísmico. Esse tipo de informação é importante,
principalmente para engenheiros na construção de grandes obras", disse.
A Universidade de Brasília deve fechar convênio com uma companhia de
mineração para aumentar o número de estações no estado, com 13 unidades
temporárias.
(G1)