sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Tremor de 3 graus assusta moradores da região Alto Oeste-RN

Jotta PaivaABALO - Residências tiveram paredes rachadas com o abalo sísmico
14/09/2007 - Tribuna do Norte



Eram precisamente, 7h41 desta quinta-feira quando Taboleiro Grande tremeu. A população do pequeno município do Alto Oeste, a 372 quilômetros de Natal se apavorou com o grande susto, que chegou a avariar as estruturas de casas e prédios públicos. Ainda não há dados precisos sobre o epicentro e a magnitude do sisma, mas especialistas falam em pouco mais de 3 graus na escala Richter.

Por todo o dia, os moradores do município comentavam sobre o ocorrido e descreviam sua reação no momento do tremor. “Na hora eu não sabia se ia ou se ficava”, disse o aposentado Severino Alves. A professora Isabel Bessa estava com seus alunos na hora do estrondo e quando chegou em casa, percebeu o forro do teto destruído. “Mas o prejuízo é muito mais psicológico do que financeiro”, disse.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte recebeu notícia ainda de mais dois abalos menores, mas os relatos não são precisos em relação aos horários. Os tremores de terra têm origem tectônica, isto é, em movimentos nas placas que formam a crosta da Terra. Por um motivo ainda a ser descoberto, as rochas sob Taboleiro Grande se movimentaram, causando o tremor.

Segundo o coordenador do Laboratório Sismológico da UFRN, Joaquim Ferreira, o abalo ocorrido não chega a surpreendê-lo, já que o fenômeno é típico de todo o Rio Grande do Norte, assim como de parte do Ceará. “Essa região é considerada a mais sísmica de todo o país. E sismas como esse são considerados normais”, contou o pesquisador.

O professor Joaquim lembrou que a mesma cidade já havia testemunhado um outro tremor em 1993. Já João Câmara ficou conhecida em todo o país pelos tremores registrados entre os 1986 e 1994, sendo dois deles de 5 e 5,1 graus na escala Richter. Há ainda registros históricos de um tremor em 1808, na região onde hoje está Assu e outro no ano de 1879, em Natal.

Ontem um técnico do laboratório sismológico foi enviado à região de Taboleiro Grande para coletar os dados obtidos pelas estações sismográficas da região. Uma outra será instalada na mesma cidade, para futuras medições. “Ainda não estamos de posse dos dados porque estamos com um problema na transmissão via rádio”, explicou o professor.

Há relatos de populares que sentiram o tremor em cidades vizinhas, como Umarizal e Portalegre. Joaquim Ferreira explicou que a percepção de um abalo depende da profundidade dele e da proximidade da população do epicentro. Ele avalia que o abalo de ontem tenha passado dos três graus na Richter. A título de comparação, o abalo que gerou a Tsunami na Indonésia em 2004 teve magnitude de 9,2 na escala.

“O deslocamento que acontece nas rochas é milimétrico. A vibração é que é percebida pela população”, disse o cientista. Segundo ele, ainda não se sabe da existência de uma falha geológica sob Taboleiro Grande, como acontece em João Câmara, e que seria um estudo de detalhamento daquela região.

Joaquim Ferreira disse ainda que é difícil prever onde poderá acontecer um novo tremor e com que magnitude. Uma região onde já houve registros, sempre será área de observação. Mas há de se levar em conta que em uma região onde nunca aconteceu um tremor, pode ser afetada por algum a qualquer momento. Isso porque em escala geológica, 500 anos, por exemplo, são considerados alguns segundos. Apesar de ser um estado de intensa atividade sísmica, ao longo de toda a história não há registro de morte causada diretamente por estragos resultantes de tremores, somente de alguns feridos. Mas no ano de 1968, no tremor ocorrido em Doutor Severiano, uma mulher morreu após pular de uma janela, assustada com o fenômeno.

Tremores são provenientes de fissuras

Os abalos de terra são comuns em todas as partes do mundo. No Brasil a atividade sísmica só é relativamente calma porque 95% do território brasileiro fica sobre uma mesma placa - a Sul-Americana. Tremores como o de ontem, sentido em Tabuleiro Grande, ou até mesmo os de maiores intensidade, como os registrados em João Câmara, só ocorrem por causa de fissuras ao longo da placa tectônica. Submetidas a pressões, essas falhas se rompem e acontecem o que os técnicos chamam de “acomodação da camadas.”

De acordo com estudos do geofísico Marcelo Assumpção, quanto mais espessa a placa, menor a possibilidade de terremotos. Como no Nordeste elas são mais finas, os tremores tornam-se comuns, especialmente no Rio Grande do Norte e no Ceará.

Nesta região, os tremores costumam ser breve e repetitivos, fenômeno conhecido como “enxame sísmico.” De acordo com dados da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, entre 1986 (quando foram instalados sismógrafos) e 1991, foram registrados 50 mil abalos em João Câmara.

O maior deles aconteceu na madrugada do dia 30 de novembro de 1986. Durou menos de um minuto, mas atingiu 5.1 graus na escala Richter. Em Natal, apesar do avançado da hora, milhares de pessoas saíram às ruas com medo de desmoronamentos. Em João Câmara, onde foi localizado o epicentro, a população também saiu às ruas. Muitas famílias passaram até três meses dormindo em barracas de lonas armadas pelo Exército. João Câmara registraria outros abalos sísmicos de magnitude mediana, mas sem causar os transtornos de 1986.

13/09/2007 - 20h14

Tremor de terra assusta moradores de cidade do RN

da folha online

Um tremor de terra atingiu a cidade de Taboleiro Grande (RN), que tem aproximadamente 2.200 habitantes, no começo da manhã desta quinta-feira. Diversos imóveis da cidade sofreram rachaduras. Os prejuízos, porém, ainda não foram contabilizados. Ninguém ficou ferido.

O servidor municipal Zailton Pinheiro, 23, diz acreditar que o tremor só não provocou danos porque durou 'de cinco a dez segundos'.

'Houve rachaduras em alguns prédios e, em alguns lugares, os forros de gesso caíram. Mas o tremor foi muito forte mesmo. Era um som abafado, como o d uma bomba, e a sensação da terra tremendo.'

Pinheiro diz ter tido uma sensação de tontura no momento do tremor -ele estava em uma praça. 'Quem estava dentro de algum lugar saiu. Teve quem pensasse que algum prédio próximo havia desabado.'

Técnicos da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) analisam o tremor. Eles deverão ir à região do epicentro para investigar o que provocou o fenômeno.



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